A ousadia dos brasileiros na criação de uma tendência para beber, sentir e fazer o cafezinho nosso de cada dia.
Por Fabiana Meireles
Tradicional, o bom cafezinho, assim como futebol e carnaval, também é marca registrada do Brasil em várias partes do mundo.
Para atender esse público o mercado das cafeterias está em crescimento constante e para ganhar cada vez mais clientes elas aprimoram os cardápios com novas preparações salgadas, bebidas e doces, indo alem do tradicional café espresso ou os já famosos shakes e tortas geladas. Outras ousam mais e investem na introdução da bebida ou aroma, em molhos combinados com carnes diversas ou legumes, expandindo seu campo de atuação e fidelizando o público, inclusive no Brasil.
As lendas sobre o surgimento da bebida pertencem a duas épocas, ano 600 A.D (Anno Domini) e o século XIV. Ambas são curiosas e estão diretamente ligadas a religião e economia dos países que cultivaram os grãos. Já no Brasil, o hábito de consumir o cafezinho existe desde o ano de 1727, mas apenas famílias abastadas podiam provar a iguaria.
Trazidas pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta, que presenteou o governador do então Maranhão e Grão Pará (atualmente Maranhão), as primeiras mudas da rubiácea do tipo Arábica foram plantadas em terras do norte, porém a produção brasileira em larga escala destinada a alavancar a economia aconteceu a partir de 1781 com o cultivo no Rio de Janeiro e em seguida em São Paulo.
E tome café
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) em pesquisa encomendada a TNS InterScience, no período entre novembro de 2007 e outubro de 2008 os brasileiros, em media por pessoa, consumiram 4,51kg quase 76 litros da bebida.
Muito desse consumo se dá ao crescente numero de cafeterias abertas no Brasil, que beiram 400, segundo a ABIC, excluindo pontos de vendas como bares e hotéis, sendo 44 participantes do CCQ - Circulo do Café de Qualidade que dá a cafeteria o certificado de excelência na preparação e trato com a bebida. Existem cafeterias tradicionais abertas em meados dos anos 1900 no Brasil, e em São Paulo estão localizadas as mais prestigiadas do país, dadas às épocas áureas do café em terras paulistas.
O “boom” das cafeterias
Direita ou esquerda foto da Octávio café
O conforto das casas, vezes transformadas em verdadeiros templos à degustação e memória do café, proporciona ao cliente uma experiência de sensações que traz conhecimento, prazer e aguça paladar e olfato para saborear o blend da bebida em várias versões.
Exemplo disso é a Octavio Café. Classificada como Cafeteria Restaurante a casa foi projetada para receber dos apreciadores mais exigentes aos leigos de bom gosto. O estabelecimento, inaugurado em 2007, é resultado do projeto de dois anos que custou R$9.000.000,00 e envolveu profissionais renomados desde a arquitetura externa que lembra uma xícara, projetada por Alfredo Farne, até as poltronas do salão em forma do grão seco parte da decoração assinada por Marcelo Dantas, dentre outros detalhes presentes em toda a composição do ambiente.
O cardápio mistura traços da culinária clássica e culinária contemporânea como o prato carro chefe Filé ao molho de café que leva batata inglesa, medalhão de filé mignon, molho clássico roty e café, pupunha e azeite aromatizado com o café da casa. “Desde a inauguração a casa manteve a qualidade ainda que em um segmento novo. Promovemos treinamentos constantemente, formamos profissionais aqui dentro.
As mudanças são estudadas para atender nosso cliente mais exigente sem alterar o conceito da casa, por isso nossa marca é referência. O cliente se sente à vontade, interage com os espaços independentemente da refeição que esteja fazendo, o projeto contempla isso.” Enfatiza André Resende, Metre da casa.
A política do “faça você mesmo” participa de tudo que é servido para o cliente, as receitas, inclusive da parte snack, são criações exclusivas e as tradicionais como o AfogattoToffe(vídeo da preparação) ganham toques inovadores. Elaborado pela chef Ana Soares, o cardápio do Octávio Café é alterado em todas as estações sempre visando manter as combinações com café. “Estamos conversando sobre novas receitas para aumentar as opções dos pratos com café, mas isso demanda tempo e dedicação. A idéia é trazer o café em maior quantidade nas receitas”. Revela o chef Alexandre Romano que assina a cozinha.
Para manter o nível de qualidade, o preparo do principal produto da casa segue o padrão estabelecido por Silvia Magalhães, tricampeã do Campeonato Brasileiro de Baristas, quinto lugar no Barista World Championship 2007 e coordenadora geral da cafeteria.
A experiência de tomar um bom café espresso passa pela ambientação do estabelecimento, os utensílios usados, o preparo, aspecto, aroma indo até a finalização com latte art o que transforma um simples cappucino em uma obra de arte. ”Somos muito exigentes e existe uma pressão para o desenho sempre ser perfeito. Quando comecei era um tirador de café que pensava saber muito e agora vejo o quanto aprendi e preciso aprender, quero aprimorar meu conhecimento e seguir carreira na área.” Conta Denis Guilherme, vice-campeão do 2ª campeonato de Latte art(Vídeo do cappucino)
em 2008.
Barista: o ofício
Para os que não sabem um bom Barista não se limita apenas a tirar bons cafés, o aprendizado é contínuo e ultrapassa os limites das xícaras indo até a Universidade onde se aprende tudo sobre a origem do grão, a história da bebida, suas propriedades e combinações, para nenhum detalhe passar despercebido e ele tenha conhecimento suficiente para criar novas bebidas que surpreendam clientes e jurados nos concursos. As criações dos Baristas ou Cafeólogos são fruto de pesquisa, muita degustação e ousadia utilizando ingredientes inusitados no conteúdo ou finalização das bebidas.
Talvez poucos imaginem existir um drink a base de café finalizado com ouro em pó comestível, como o “Tesouro” criado por Silvia Magalhães que lhe rendeu o tricampeonato no 6º Campeonato Brasileiro de Barista em 2007.
Sucesso, prêmios, workshops são rotina na trajetória dos que se dedicam ao aprimoramento do ofício: “Eles seguem regras até no preparo da bebida mais simples, tudo tem que ser do modo como a Silvia faz, afinal todos querem chegar aonde ela chegou.” Conclui o Metre que também é responsável pelo atendimento dos Baristas.
Os fãs do cafezinho “de coador” não devem se entristecer, pois existe também, em algumas cafeterias, o pó específico para ele com direito a coagem individual na mesa do cliente.
Os profissionais do ramo defendem que a importância do café em uma refeição ou no dia a dia se equipara à do vinho, ou seja, ao ir jantar em um bom restaurante, tente pensar também na combinação do café antes, durante ou depois da refeição e aproveite.
Conheça a história do café
quarta-feira, 13 de maio de 2009
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