Por Wagner Bernardes

O domínio do MP3 e o ressurgimento do vinil ameaçam o futuro dos CDs
Com o surgimento dos discos compactos no formato digital na década de 90 (e em virtude da popularização dos aparelhos reprodutores de CDs), o vinil praticamente desapareceu das lojas, migrando para os tradicionais sebos e chegando a custar 50 centavos nesses locais. No entanto, a realidade atual do mercado aponta mudanças. Os arquivos digitais (MP3, wave, ringtones e outros), facilmente encontrados na internet por meio de downloads, ocasionaram a queda vertiginosa em vendas dos Compact Discs ao longo dos últimos anos (fato que preocupa donos de gravadora e é alvo de discussões sobre a defesa de direitos autorais e comercialização de música em todo o mundo). Diante desse cenário que sugere a despedida dos CDs, os LPs reaparecem como uma opção arrojada que prima pelo alto nível de detalhes gráficos (capa e encarte) e das nuances sonoras mais encorpadas, consideradas qualitativamente superiores às do formato digital por especialistas do ramo e artistas como Caetano Veloso, que optou por gravar o disco Cê (2006) no formato analógico e lançou uma versão alternativa do álbum em vinil. O disco mais recente da banda Radiohead, In Rainbows, lançado em 2008, teve sua distribuição inicialmente pela internet e praticamente reinventou o conceito de aquisição de música, possibilitando que o fã escolhesse quanto (e se) pagaria para adquirir cada canção disponível no site do grupo inglês. O mesmo disco ainda foi o responsável pelo maior sucesso mercadológico em vinil no ano passado, chegando ao número de 25 mil cópias vendidas.
Fidelidade ao formato
O que leva o consumidor a comprar os famosos bolachões na era do iPod? A equipe de Ciência de Tecnologia do blog Comunica Uniradial falou com profissionais do ramo e descobriu que o vinil ainda possui um público fiel. Segundo Sergio Cunha, colecionador que leva cerca de três mil LPs para serem vendidos todos os sábados à Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, “Os LPs, de uns dez anos para cá, têm sido muito procurados, inclusive por pessoas que pensavam que eles haviam sido extintos” e completou: “Não há nada que se compare à beleza dos selos, capas e encartes, isso o CD não conseguiu levar ao consumidor, essa sensação de raridade inexplicável presente no vinil”. Considerado por muitos do varejo musical o avô dos discos pretos, o americano Eric Crauford administra há trinta anos a loja Eric Discos. De tempos em tempos viaja à Europa e Estados Unidos a fim de encontrar raridades para enriquecer o acervo da loja, que atualmente ultrapassa a marca de 80 mil unidades. Crauford mostrou-se otimista quando perguntado sobre a volta dos LPs e diz acreditar na “fidelidade do consumidor, que tem apreço por um trabalho mais artístico e bonito do que o CD pode oferecer, e agora pode também comprar lançamentos nesse formato”. Lojas de grande porte como Fnac, Livraria Cultura e Saraiva comercializam novidades de artistas lançadas em vinil. Cada uma delas possui um espaço reservado onde é possível encontrar versões importadas no formato Long Play, geralmente com um custo médio de 120 reais. Acompanhe abaixo algumas opiniões dos amantes do vinil encontrados na Praça Benedito Calixto.
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